Um conto de crianças já grandes e pequenas, um recorte de uma experiência inclusiva.
Era uma vez uma escola que recebia muitas crianças com
deficiência e um grupo de professoras com muita vontade de fazer o melhor para
eles, mas não sabiam como nem por onde começar. Essas crianças apenas estavam
inseridas e assistiam as atividades das demais crianças porque não conseguiam
interagir com quase nada! As professoras se sentiam muito sozinhas e suas
iniciativas de trabalho com essas crianças sempre estavam isoladas. Um dia uma
professora de educação especial começou a trabalhar nessa unidade...isso foi lá
quase no final de 2011 e percebeu que poderia ajudar. Ela percebeu que as
professoras queriam muito aprender e como eram muitas pessoas, ela precisava
pensar em tempo para isso. Conversando muito com a orientadora pedagógica ela
percebeu que era possível criar um espaço de formação dentro de uma HP (hora projeto). Essas
professoras toparam a ideia e tudo começou....Toda semana esse grupo começou a
se reunir e algumas professoras começaram a trabalhar como educadoras de apoio,
ajudando as outras professoras que tinham crianças com deficiência em suas
turmas e aí claro, começaram a trazer um montão de dúvidas: O que é paralisia
cerebral? Eles conseguem o que? O que podemos fazer com eles? Enfim...começamos
a estudar. Passamos a compreender a necessidade do estudo para pensarmos nas
estratégias de trabalho. Novas posturas passaram a ser tomadas diante dos novos
conhecimentos e das discussões. Hum....começaram a surgir um caminhão de
ideias. Pensamos: eles precisam se comunicar..mas como? Como iniciar com
crianças tão pequenas a comunicação alternativa? Ah...mas aquela equipe é muito
esperta....elas pensaram...criança gosta de música...vamos fazer uma seleção de
músicas legais e registrar de alguma forma? E assim foi feito! Olha...deu um
trabalho...vocês acham que é só escrever a letra da musiquinha e pronto? Que
nada...tem letra diferente da música que a gente conhece...poxa...quanta música
diferente a gente não conhecia? Colocamos tudo isso num CD e as fichas tinham a
letra e uma figura principal. Assim as crianças podem começar a associar a
imagem do conceito!!!O ano passou e esse grupo adorou aprender tanto! Começou
esse ano e todo mundo quis continuar....teve até gente que começou porque ficou
interessada!!!Começamos tudo elaborando um plano individual para cada
criança...assim identificamos e percebemos as especificidades de cada um. Foi
tão legal!!!!Tinha gente que conhecia um pouquinho as crianças...outras
conheciam um montão! Íamos pensando em cada uma e o que elas tinham de
potencial para ser aproveitado. Nossa...começamos a ver que cada ser é único,
exclusivo, assim como suas necessidades! Percebemos que as crianças cadeirantes
não estavam incluídas nas brincadeiras...puxa....será que elas não tem vontade
de brincar também? Mas como? O Gustavo não vê muito, o Pedro fica todo duro
quando tenta fazer alguma coisa, o Vitor controla um pouquinho, mas não tem
muitos amigos que gostam de brincar com ele...Começamos então a pensar num
monte de brincadeiras e materiais para eles brincarem no parque e que as outras
crianças pudessem brincar juntas! Vimos que às vezes as crianças não brincam
com eles porque não sabem como fazer! Cada professora teve que inventar uma
atividade ou brinquedo. No dia que apresentamos para as crianças, levamos junto
uma cadeira de rodas para que as outras crianças sentissem como é andar
numa...cadeira de rodas! Sabe...foi muito emocionante quando uma criança falou:
“oba...hoje vamos brincar de ser o Pedro”..e outra “que dia mais divertido!”. Enfim...de
pouquinho em pouquinho a inclusão dessas crianças foi abraçada por muita gente
boa. Nessa escola a inclusão não fica esperando a professora de educação
especial para acontecer....as crianças são de todos e um monte de gente pensando
junto é muito melhor incluir!
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